Há uns tempos fizemos uma viagem nocturna para logo de manhãzinha começar outra: saímos de Lisboa numa sexta à noite para amanhecer em Chaves no sábado de manhã e, imediatamente, iniciar a nossa road trip entre Chaves e Bragança. É a estrada N103 que liga estas duas cidades, mas frequentemente saímos da EN103 para visitar os pontos de interesse que vinham no guia. São imensos! Aqui seleccionamos só alguns, os que mais gostámos. Ainda assim, para descobrir “só” estes, um fim de semana é pouco. Esta região merece mais tempo.
De seguida deixamos uma breve descrição e fotos dos pontos de paragem e, entre parênteses, indicamos as estradas que levam até eles.
1. Chaves
A cidade de Chaves é o ponto de partida. Depois de tomar o pequeno almoço nas Vias Augustas, um conjunto de ruas estreitas com casas coloridas, podemos saborear o amanhecer junto à Ponte Romana sobre o rio Tâmega. Antes de partir para o próximo destino, há que visitar o castelo, de onde se tem a melhor vista sobre a cidade.
2. Pedra Bolieira (EN 103)
A Pedra Bolieira, situada na Serra do Brunheiro, está classificada como Monumento Natural. Nesta zona existem grandes blocos graníticos arredondados que fazem lembrar as formas dos cogumelos. A Pedra Bolieira é um dos maiores e, embora pese várias toneladas, diz-se que qualquer pessoa é capaz de movê-la, bastando para isso empurrá-la.
3. Antigo complexo mineiro de Nuzedo de Baixo/ Ervedosa (EM 529)
Este antigo complexo mineiro localiza-se na freguesia Vale das Fontes, concelho de Vinhais.
Funcionou entre 1857 e 1969 e, actualmente, encontra-se em estado avançado de degradação. Durante décadas de extracção de arsénio e estanho, estas minas representaram a principal actividade económica da região. Aqui, chamam a atenção as ruínas de antigos bairros mineiros, as casas abandonadas, estruturas da mina que surgem do matagal, bem como o coberto vegetal constituído por vegetação rasteira, carvalho-negral, castanheiro, choupo e cerejeira.
4. Monte da Nª Srª da Saúde (TT)
De Nuzedo de Baixo seguimos por um caminho TT de cerca de 11 quilómetros, que nos levou ao Monte de Nª Srª da Saúde, a 709 metros de altitude. Daqui temos belíssimas vistas sobre a paisagem envolvente.
5. Vinhais (EN 103)
Ao passar por Vinhais aconselha-se uma paragem no Museu de Arte Sacra, de grande valor histórico-arquitectónico.
6. Ousilhão (EN 316)
Pontos de interesse: O Bairro de Cima, a Igreja Matriz localizada no Bairro do Campaço e, sobretudo, os artesãos de máscaras utilizadas, por exemplo, na festa de Santo Estêvão. Vale a pena descobrir junto destes mais pormenores das tradições ligadas ao fabrico das máscaras.
Normalmente são feitas de amieiro ou castanheiro, sendo também usadas no Carnaval. Nesta altura, é costume os rapazes transformarem-se em Caretos. Além da máscara, vestem-se com fatos feitos de mantas coloridas. Segue-se uma tarde animada, durante a qual os Caretos andam pela povoação, metendo-se com toda a gente, principalmente com as raparigas. (Para aprofundar os conhecimentos sobre estas tradições e o trabalho dos artesãos, sugere-se uma visita ao Museu Ibérico da Máscara e do Traje de Bragança).
7.Vila Boa (EN 316)
Situada na Serra Nogueira, Vila Boa também é terra de artesãos. Não é difícil encontrar um que mostre os seus trabalhos e nos dê dois dedos de conversa.
Nesta aldeia tipicamente transmontana, as casas parecem estar coladas umas às outras, intrometendo-se entre elas, de vez em quando, os palheiros. É constituída por um núcleo habitacional e três bairros, conhecidos pelos Bairro d´Além.
máscaras do Sr. José David Afonso
8. Ponte Soeira (EN103)
Do tempo dos romanos, foi reconstruída no Período Moderno. Na Terra Fria (região que inclui os Concelhos de Bragança, Miranda do Douro, Vimioso e Vinhais), estas pontes antigas serviam para facilitar a comunicação com as povoações mais remotas e isoladas.
A ponte é composta por dois arcos de volta perfeita e assenta num afloramento rochoso.
9. Mosteiro de S. Salvador de Castro de Avelãs. (EN 103)
Apesar de surgir documentado a partir do séc. XII, as suas origens são ainda pouco claras. A partir de 1545 – quando o mosteiro foi extinto por bula papal – iniciou-se um processo de demolição dos edifícios conventuais. No séc. XVIII, o templo monástico de grandes dimensões já estava reduzido a igreja paroquial. Dele restam apenas a cabeceira e vestígios do claustro.
9. Centro de Arte Contemporânea Graça Morais-Bragança (EN103)
O Centro de Arte Contemporânea de Bragança foi inaugurado em 2008 e é da autoria do arquitecto Souto Moura. Caracteriza-o uma grande variedade de espaços, entre estes, a livraria, a cafetaria, a esplanada, o jardim, galerias de exposições temporárias e sete salas dedicadas à obra da pintora Graça Morais.
Num dos painéis informativos podemos ler um texto de Sílvia Chicó sobre o trabalho da pintora:
“Graça Morais desde sempre se elegeu como modelo, porque grande parte da sua obra é referida a uma mundividência pessoal em que a personagem da artista se confunde progressivamente com a imagem da mãe da artista e depois com o geral que são as mulheres de Trás-os-Montes. Desde há cerca de trinta anos Graça Morais vai registando essas imagens, não apenas num intuito quase antropológico de preservar e apresentar uma tradição, mas sim em permanente evocação, […] fixando momentos afectivamente significantes do passado e da infância da pintora.”
(…)
“Dando ao mundo um séquito de personagens que inventa, e que a inventam a ela, Graça Morais [pinta] como se estivesse a reabilitar um universo onde os loucos, os desprotegidos, os inocentes e as figuras de ficção naturalmente convivessem, […] reclamando o seu direito à existência plena, existência que prodigamente vai saindo das mãos da pintora.”
Sílvia Chicó, “A Máscara, o Retrato e o Auto-Retrato na Pintura de Graça Morais”, in Graça Morais – Retratos e Auto – Retratos, 2005, pp. 7-19
10. Gimonde (EN 218)
Para terminar em grande, seguimos para Gimonde, que fica a cerca de quatro quilómetros do centro de Bragança. Aqui existem vários restaurantes onde é possível experimentar a famosa posta mirandesa, prato típico da gastronomia de Trás-os-Montes.
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Guia:
Trás-os-Montes, Guia Expresso de Portugal, 1995
(é possível encontrá-lo numa biblioteca pública)
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