quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Serra da Malcata

Entre Sabugal e Penamacor ergue-se um genuíno maciço serrano, constituído por cabeços arredondados e vales encaixados, com desníveis que ultrapassam, por vezes, os 500 m.
Embora seja um território largamente humanizado, no passado estabeleceu-se um laço entre a natureza e a actividade humana, da qual resultaram endemismos de importância comunitária.
Falamos, em primeiro lugar, do lince ibérico, o felino com estatuto de conservação mais ameaçado do mundo, uma subespécie que ocorreu fruto daquela mesma ocupação humana, que providenciava a manutenção de zonas de mato rasteiro na serra, locais privilegiados para o estabelecimento de populações de coelhos - as suas presas preferidas.
Para esta aventura de BTT, assentámos praça na aldeia de Quadrazais, no sopé da serra.



Como aquecimento, dirigimo-nos para a capela de S.Gens, a cerca de 4 kms da aldeia, local privilegiado para admirar a Serra da Malcata e o vasto planalto que a separa da Serra da Estrela.






De regresso a Quadrazais, dirigimo-nos por um caminho asfaltado até à aldeia da Malcata, por entre bosques ondulantes de carvalho negral e pinheiros, que se desenvolvem nas margens do Rio Côa. 
Sem grande dificuldade, alcançamos a aldeia, onde, após um pequeno lanche, partimos para terreno mais selvagem, dobrando os primeiros cabeços em direcção a Alízios.






Nesta primeira etapa, tivemos o primeiro contacto com a fauna local: "enxames" de moscas rodeavam as nossas cabeças em busca de gotículas de suor, o que nos impelia a andar mais rápido. Após uma descida por um antigo caminho agora ocupado por giestas e estevas, atingimos um casal no vale da Ribeira de Meimoa, onde aprendemos a obter água de uma mina.




Uma subida íngreme intervalada por uma pernoita, permitiu-nos alcançar as alturas dos Concelhos (1007 m), e o vasto planalto que separa as bacias hidrográficas dos rios Tejo e Douro.







Nova descida, desta vez por terreno pedregoso, mas aberto, levou-nos ao vale do rio Bazágueda, onde uma casa recuperada pelos serviços da reserva natural assinala o sítio da antiga Quinta do Major.
Passado o rio a vau, e após deslindar uma preciosa fonte, começamos decididamente mais uma vertiginosa subida, em direcção à fronteira, onde os limites da reserva tomam o nome de Serra de La Malvana. Esta extensão raiana constitui um autêntico balcão sobre as planícies da província de Cáceres.




Imbuídos pela beleza da paisagem, concedemos mais uma pernoita a este lugar insólito.


Na manhã seguinte, prosseguimos por um trilho mal definido ao longo da margem esquerda do Rio Bazágueda, até culminarmos no marco geodésico da Moura, a 1076m de altitude.



Uma merecida descida de volta a Quadrazais leva-nos por bosques de carvalho, pinheiro e azinheira, até às margens do rio Côa. Aqui refrescamo-nos antes de seguir para a aldeia, onde terminamos esta odisseia selvagem e agreste pelo habitat do maior felino da Europa.





Artur




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