primeiro nascer do sol de 2017
Ao contrário dos dias anteriores, fixou-se uma névoa sobre a cidade que escondeu o azul do céu que nos tinha acompanhado até aqui. Começámos o passeio de hoje com uma subida do Largo de São Vicente de Fora até ao Largo da Graça. A meio não passou despercebida a monumentalidade do edifício que alberga a Fundação Voz do Operário, que surgiu no início do séc XX como uma corporação de operários. Hoje é uma associação que dinamiza actividades educativas, culturais e desportivas.
Já no Largo da Graça, contemplámos a esplêndida vista sobre o Castelo e a Mouraria e visitámos a Igreja que se encontrava aberta.
O interior é bastante acolhedor, predominando os tons rosa.
Esta zona é, desde o final do século XIX, ocupada por bairros operários construídos pelos donos das fábricas. Cada um tem a sua individualidade própria e características arquitectónicas distintas. Começámos pela Villa Sousa, situada no Largo da Graça, concluída em 1890, apresenta uma arquitectura austera. Um portão de ferro forjado dá acesso a um pátio central. A cobertura faz lembrar as edificações do norte da Europa.
Já a Villa Bertha, situada na Rua do Sol à Graça, e concluída em 1910, apresenta painéis de azulejos floridos, e jardins fronteiros às habitações. Num mural encontrámos a letra da marcha da Villa Bertha.
Por fim, mais a norte, no bairro Estrela de Ouro, as habitações e os pavimentos são decorados com estrelas.
Em todos estes bairros vive-se um ambiente muito calmo, onde toda a gente se conhece e os viajantes não passam despercebidos.
Subimos ao miradouro da Senhora do Monte, onde se reunia uma pequena multidão a contemplar a cidade neste primeiro dia do ano.
Seguiu-se uma paragem na Rua da Graça, na pastelaria "CiCi" . Pedimos chá e uma azevia de batata doce.
Prosseguindo pela Rua de S. Gens, atravessámos um arco com uma curiosa pintura mural de Mariana Dias Coutinho, e virámos à direita onde encontrámos outro mural seu dedicado a poetisas portuguesas: Florbela Espanca, Natália Correia, Sophia de Mello Breyner.
Mais à frente descobrimos uma panorâmica inesperada sobre o Castelo de S. Jorge e o Martim Moniz,
e iniciámos a descida rumo a este último, primeiro pela Calçada do Monte e depois através de um emaranhado de vielas e escadarias que dão corpo à Mouraria.
O lugar ainda mantém a multiculturalidade que esteve na sua origem, sendo polvilhado por lojas orientais, como restaurantes, talhos e mercearias indianos. Também é fácil tropeçar na entrada de uma mesquita ocupando o rés do chão de um prédio.
Descobrimos também que aqui ainda sobrevivem casas de ressalto, habitações cujo primeiro andar tem um alçado proeminente em relação ao do rés do chão.
Desaguámos no Largo do Martim Moniz, onde terminámos o passeio.
vídeo:
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