quarta-feira, 18 de novembro de 2015

PRC 35 SMI - Moinhos da Ribeira Funda




O trilho dos moinhos da Ribeira Funda é o mais recente percurso pedestre homologado na Ilha de S. Miguel.

É da autoria de Telmo Pacheco, e foi concebido no âmbito da sua PAP, enquanto aluno finalista da Escola Profissional EPROSEC, onde frequentou o curso de Técnico de Gestão do Ambiente.

A marcação do percurso é muito recente, tal como a plataforma existente junto à Ermida de Nossa Sr.ª da Aflição, que serve de miradouro ao terreno de jogo.



Entusiasmados, fizemo-nos ao caminho, passando por um renque de coloridas casas térreas, que nos lançam olhares ainda pouco habituados a forasteiros.

A vida local parece não sofrer de grandes sobressaltos. Agora que a nova SCUT afastou a correria do trânsito da Costa Norte, o Lugar vira-se para o mar, numa cadência de pastagens e alguns terrenos agrícolas a contrastar.




Rapidamente nos adentramos na escuridão da densa vegetação que ladeia a Ribeira, última sobrevivente dos fogos e dos lenhadores que, num período inicial, moldaram a fisiografia da Ilha.


Aqui, ainda encontramos criptomérias que nos ladeiam, até aos Moinhos do Crim, um aglomerado de ruínas de vários moinhos de cubo vertical, técnica que permite aumentar a pressão da água no rodízio e atenuar a sua escassez no Verão.




Ali perto, uma queda de água faz as delicias dos olhos do caminhante e - no Verão -  convidaria a um banho refrescante.








Prosseguindo caminho pela margem direita da ribeira, alcançamos mais um moinho de cubo vertical. Este foi alvo de um projecto de requalificação que pretendia transformá-lo numa "casa de fresco". No entanto, o projecto não vingou, e restam hoje quatro paredes e várias mós, certamente com muitos grãos para contar.





Mais a jusante, outro aglomerado de moinhos tenta emergir da vegetação. Aqui ainda se conserva operacional parte do mobiliário.







Estes moinhos constituiram, nos finais do séc. XIX e inícios do séc. XX, uma importante fonte de rendimento, alternativa às plantações de laranja, as quais foram erradicadas por completo da Ilha, devido às pragas e envelhecimento das árvores.
Mais para Norte, uma rocha com uma abertura desperta a nossa atenção. Será a Rocha do Padre do Norte? Tentamos alcançar a entrada mas sem sucesso... é bastante escorregadia, mais parece uma furna...










De súbito, eis toda a imensidão do Oceano, e a foz da Ribeira Funda. O caminho começa então a subir, em zigue zagues sucessivos até alcançar, de novo, a parte superior da Lomba, já com o lusco fusco a impôr-se lá para os lados das Sete Cidades.






Tempo ainda para um coro de baixos bem dotados, que saúdam o andarilho com graves entoações, adensadas pelo frenético magnetismo que aquece o chão e o coração de quem passa.

A aldeia reaparece por fim, cheia de cor, acolhendo o caminhante nos seus longos braços e devolvendo-o ao tempo.





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